Reflexão sobre "Hiroshima e Nagasaki: A História Não Contada do Maior Massacre Nuclear da História"
No dia 6 e 9 de agosto de 1945, um "segundo sol brilhou no céu do Japão", mas este não era uma fonte de vida, e sim "uma fonte de morte". As cidades de Hiroshima e Nagasaki foram palco dos únicos ataques nucleares da história, um evento que permanece gravado na memória coletiva como um horror sem precedentes. Este vídeo nos convida a mergulhar nos detalhes desse acontecimento brutal, acompanhando não só a perspectiva de quem lançou as bombas, mas, crucialmente, de quem estava no chão quando a detonação aconteceu. É um apelo à compreensão para que "aquilo nunca mais aconteça outra vez".
O Contexto de Uma Decisão Devastadora
Para entender o lançamento das bombas atômicas, é essencial contextualizar os eventos de 1945. A Segunda Guerra Mundial chegava ao fim, com a Itália e a Alemanha já derrotadas, e o Japão como o único país ainda em combate, recusando-se a uma rendição incondicional. A cultura japonesa, enraizada em valores guerreiros, impedia a aceitação da derrota, e o território japonês permanecia intacto.
Diante da iminente vitória dos Estados Unidos no fronte do Pacífico, a grande questão era "a que custo" essa vitória seria alcançada. A planejada "Operação Downfall", que previa uma invasão em massa das ilhas japonesas, estimava perdas astronômicas: cerca de 4 milhões de homens americanos e aproximadamente 10 milhões de japoneses. O Japão possuía mais de 2 milhões de soldados e poderia armar e treinar outros 28 milhões de civis para resistir, tornando a invasão uma tarefa "insana demais" e potencialmente longa e brutal. A solução brutal que se apresentou para evitar essas baixas foi o lançamento de armas atômicas em solo japonês.
As Perspectivas: Do Céu ao Inferno
O vídeo habilmente nos leva através dos destinos de duas figuras centrais: o Coronel Paul Tibbets, comandante da operação e piloto do bombardeiro Enola Gay, e Sadal Hirano, um menino de 12 anos em Hiroshima.
A trajetória de Paul Tibbets é marcada pela ascensão militar e um segredo avassalador. De um jovem que abandonou a medicina para seguir o sonho de voar, ele se tornou um capitão e, em 1943, foi convocado por um general para se tornar um dos "guardiões da bomba atômica". Naquele momento, ele não fazia ideia do que era uma bomba atômica, apenas compreendia a necessidade de manter o segredo sobre sua missão extremamente confidencial. Por quase um ano, ele viveu na expectativa, sem saber o impacto do que faria, mentindo para amigos e familiares sobre suas atividades. Em dezembro de 1944, ele e outros aviadores foram mobilizados para o Esquadrão 509, com a missão de planejar métodos para lançar armas nucleares.
Enquanto isso, a infância de Sadal Hirano chegava ao fim. Morador dos subúrbios de Hiroshima, uma cidade industrial com forte tradição militar, Sadal via a vida se tornar cada vez mais difícil à medida que o Japão se afundava na guerra. Como muitos estudantes, ele foi recrutado para trabalhar, ajudando nas plantações e, mais tragicamente, na demolição de casas para criar linhas de contenção contra incêndios em caso de bombardeio. Ironias do destino, Hiroshima recebia menos ataques do que outras cidades japonesas, levando a rumores de que os americanos a poupavam para usá-la como base militar ou por apelos de parentes. Sadal e outros moradores viviam com o medo constante dos bombardeios, acreditando que seus esforços ajudariam a "evitar o pior". No entanto, "uma única bomba atômica" estava destinada a destruir a vida dele e de sua família.
O Dia 6 de Agosto de 1945
Em 26 de julho de 1945, a bomba atômica já havia sido testada em segredo, e o presidente Harry Truman havia oferecido um acordo de paz ao Japão em troca de rendição incondicional, alertando para uma "destruição total" caso recusassem. O imperador japonês não se rendeu. Enquanto Sadal via panfletos americanos caindo sobre a cidade, alertando o povo a abandoná-la (e sendo ilegal pegá-los), Tibbets recebia as ordens finais.
A bomba, apelidada de "Little Boy" ("Garotinho"), era um artefato modesto de 4 toneladas, mas continha 64 kg de urânio 235. A decolagem do Enola Gay, batizado em homenagem à mãe de Tibbets, na madrugada de 6 de agosto, foi precedida por um impasse sobre a segurança da bomba. Decidiu-se que ela seria armada em pleno voo.
Às 8:15 da manhã, após 44 segundos de queda livre, a Little Boy detonou sobre Hiroshima. O que se seguiu foi indescritível: um clarão "muito mais forte do que a luz do sol". A tripulação do Enola Gay, muitos sem saber a verdadeira natureza da missão, ficou em choque com o horror da explosão. Apenas 1,4% do material radioativo detonou, mas isso gerou uma explosão equivalente a 15.000 toneladas de dinamite, temperaturas de 4.000°C em um raio de quase 5 km, e foi sentida a mais de 60 km de distância.
Para Sadal Hirano e seus colegas no pátio da escola, o calor foi instantâneo, queimando as crianças. O impacto da onda de choque jogou todos em direções diferentes. Ao acordar, Sadal sentiu uma sede profunda, o ar seco e cheio de partículas cinzas, e ouviu "gritos de crianças chorando, chamando pela mãe, gritando de dor". A pele de muitos caía "como tira de roupa".
A cidade foi reduzida a ruínas: "2/3 de todos os edifícios da cidade de Hiroshima foram reduzidos a ruínas". Ruas e avenidas eram irreconhecíveis. Pessoas gritavam presas nos escombros ou com queimaduras por todo o corpo. Uma tempestade de fogo se espalhou, fazendo com que meses de trabalho na criação de linhas de contenção fossem inúteis. Multidões pularam nos rios para escapar, muitos se afogando. Os incêndios duraram três dias. De 50.000 a 100.000 pessoas morreram no dia da explosão, e dezenas de milhares mais nas semanas e meses seguintes, vítimas dos ferimentos e do envenenamento radioativo.
Tibbets, ao retornar à base, foi recebido como herói, com generais e oficiais celebrando sua "missão cumprida". Enquanto isso, Sadal, com a pele dos braços pendurada, vagava com amigos, como "fantasmas vagando pelo inferno", até chegar em casa e ter a pele cortada do corpo por sua mãe. Ele ficou 20 dias acamado.
Três dias depois, em 9 de agosto, outra bomba nuclear foi lançada contra Nagasaki, matando mais 70.000 pessoas. Quando Sadal finalmente se levantou da cama, a Segunda Guerra Mundial tinha acabado.
O Legado e o Alerta para o Futuro
As cicatrizes da bomba permaneceram no corpo de Sadal Hirano "por toda a vida dele", e na mente das pessoas "por décadas". Hiroshima e Nagasaki foram uma demonstração arrepiante do potencial de um novo tipo de guerra, uma que, felizmente, "nunca se repetiu".
O medo de que tudo aquilo se repita é real e pertinente. É crucial que cada cidadão compreenda "o inferno que foi", pois as armas nucleares atuais possuem "só uma fração do poder de destruição" das armas modernas. O potencial destrutivo aumentou exponencialmente, e um novo ataque nuclear "dificilmente vai deixar sobrevivente".
A história de Hiroshima e Nagasaki não é apenas um registro do passado; é um alerta contínuo para o presente e o futuro. É uma lembrança sombria da capacidade humana para a destruição e da necessidade imperativa de que esse tipo de horror "jamais deve se repetir", para "o bem de todos nós".