MEGA-SENA: Milionários Que Se Deram Mal – Histórias de Tragédias, Erros e Fortunas Escondidas
O sucesso de loterias como a Mega-Sena alimenta o sonho de riqueza instantânea no Brasil, mas, para alguns ganhadores, a fortuna se transformou em pesadelo, tragédia ou motivo de disputas judiciais. O canal Nedrole (ou Nosy Drone) compilou mais alguns casos dramáticos de ganhadores que "se deram mal", incluindo histórias de bilhetes não registrados, prêmios não usufruídos devido à morte e fortunas omitidas em divórcios.
A seguir, apresentamos um resumo dessas histórias inusitadas, baseadas no conteúdo apresentado.
1. O Sonho do Menino Que Não Foi Registrado
Um caso inusitado, digno de "roteiro de filme", ocorreu em Cajazeiras, no sertão da Paraíba, no final de 2022. Os protagonistas foram a promotora de vendas Linda Inês e seu filho, Pedro Henrique, de apenas 10 anos.
Pedro Henrique acertou os números da Mega da Virada. O evento começou com um sonho que Linda Inês teve, onde chorava com um bilhete premiado. Pedro Henrique, com um objetivo muito claro — trocar a tela do seu celular — passou a tarde insistindo com a mãe para que ela fizesse o seu jogo. Inicialmente, Linda hesitou, dizendo que os números que ele havia marcado eram "muito repetitivos".
O menino insistiu e entregou mais dois papéis para a mãe. Quando Linda Inês conferiu os seus próprios jogos e viu que não havia ganhado, Pedro pediu que ela conferisse os dele. Dos papéis que ele entregou, um fez a quadra e o outro acertou todos os seis números. A surpresa veio com a tragédia: a mãe não havia registrado a aposta de Pedro.
Naquela ocasião, cinco apostas ganharam o maior prêmio da história da Mega da Virada. Se Linda Inês tivesse registrado a aposta do filho, teriam sido seis ganhadores, resultando em mais de R$ 90 milhões para cada um. Infelizmente, o celular de Pedro Henrique "continua quebrado". A história serve como um legado e alerta para que os pais "escutem mais os filhos".
2. O Prêmio Milionário Trocado: A História de Mara Hoffman
Mara Hoffman, dona de uma ótica em São Bento, também no sertão da Paraíba, viveu uma montanha-russa de emoções, indo da alegria ao terror. Ela havia tido um sonho muito real, onde anotou de madrugada os números que seriam sorteados.
Mara foi à lotérica fazer três jogos (Mega-Sena, Quina e Loto). No entanto, uma série de eventos levaram a um erro fatal: a funcionária da lotérica questionou o valor pago, alegando que estava faltando dinheiro, e, o que é mais grave, estava usando o celular no horário de trabalho.
Ao receber os bilhetes, Mara não conferiu na hora, percebendo o erro apenas ao chegar em casa. No comprovante da Mega-Sena, estava grampeado o bilhete da Quina. O mesmo jogo foi repetido duas vezes na Quina, e o jogo da Mega-Sena não foi registrado pela máquina.
Ao conferir o sorteio e ver seus números, Mara sentiu a pressão subir, ficou muito nervosa e chegou a chorar de alegria, acreditando ter ganhado quase R$ 202 milhões. No entanto, ao retornar à lotérica no dia seguinte, descobriu que a máquina havia registrado apenas o jogo da Quina.
A casa lotérica se defendeu, alegando que a escrita no bilhete da Mega-Sena e a forma como foi grampeado estavam diferentes, sugerindo que o mesmo teria sido preenchido posteriormente. Mara nega veementemente, afirmando ter provas de que o bilhete estava exatamente como ela recebeu.
Este triste caso ainda não foi resolvido e o processo tramita na justiça. Recentemente, o juiz Inácio Jário Queir Albuquerque manteve a decisão que obriga a lotérica São Bento a exibir as imagens das câmeras de segurança, na esperança de comprovar a veracidade da aposta da empresária Maria Núbia de Oliveira Hoffman (Mara). A história de Mara serve de alerta para que futuros apostadores sempre confiram suas apostas.
3. A Morte Misteriosa de Antônio Lopes
Antônio Lopes, um pecuarista de 73 anos de Cuiabá, fez uma aposta simples de R$ 5 e ganhou sozinho mais de R$ 201 milhões em 9 de novembro de 2024, um dos 10 maiores prêmios da história da Mega-Sena. O dinheiro foi retirado dois dias depois, mas ele não teve tempo de desfrutar da fortuna.
Antônio Lopes morreu menos de um mês depois de se tornar milionário, apenas 24 dias após o prêmio. A proprietária da lotérica revelou que ele fazia seus jogos habituais, mas o prêmio veio de uma "surpresinha da máquina".
A morte repentina levantou suspeitas de que algo poderia ter sido planejado. Antônio sofria de hipertensão e diabetes. Ele estava em uma clínica odontológica com a esposa, onde começou a reclamar de dores e de não estar se sentindo bem. Embora o SAMU tenha sido acionado, eles não puderam fazer muito.
O delegado da Polícia Civil, Edson Ricardo Pique, iniciou investigações, analisando imagens de câmeras de segurança para entender se a morte foi uma fatalidade ou se havia algo por trás. O laudo da perícia oficial identificou que Antônio sofreu uma parada cardiorrespiratória.
4. O Vigilante Que Escondeu a Fortuna no Divórcio e Profanou a Senzala
O último caso é ambientado em um casarão histórico em Minas Gerais, construído antes de 1918 e hoje conhecido como "Fazenda da Mega Cena".
José Roberto (nome fictício, JRS), um ex-vigilante de Uberlândia, Minas Gerais, ganhou mais de R$ 15 milhões na Mega-Sena em setembro de 1998, valor equivalente a R$ 76 milhões hoje. Ele era casado com Eline Lima (nome fictício, ELAD).
Apesar do casamento já não estar bem, eles estavam legalmente casados quando ele ganhou. José Roberto, agora um milionário anônimo, viu a oportunidade perfeita para se separar. Um mês após ganhar o prêmio, o processo de separação consensual foi homologado em 29 de outubro de 1998.
O absurdo é que José Roberto omitiu a fortuna durante o processo, pois não queria dividir o prêmio. O único bem partilhado foi um modesto imóvel.
Eline Lima percebeu que algo estava errado quando o ex-marido começou a visitar a filha do casal em carros novos e os rumores sobre um novo milionário em Uberlândia se espalharam. Com a ajuda de duas advogadas, Eline conseguiu identificar a lotérica e confirmar que José Roberto era o ganhador.
Elas ingressaram com uma ação de sobrepartilha (para incluir bens não declarados) e pediram uma tutela provisória de urgência para impedir que ele transferisse a fortuna. Embora José Roberto tenha alegado que a separação era legal e que ele havia ganhado por esforço próprio, o juiz e, posteriormente, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) refutaram seus argumentos. A desembargadora Vanessa Verdolim afirmou que o réu só se interessou pela separação legal após o recebimento do prêmio.
Além da disputa legal, outro absurdo ocorreu na fazenda que José Roberto comprou. O casarão histórico possuía, em seus porões, uma antiga senzala, um local marcado por dor e sofrimento. José Roberto desrespeitou a história do local, que deveria ser conservado como patrimônio, transformando a área da senzala em um salão de festas. O local, que carrega uma história de humilhação, passou a ser preenchido com "bebidas, música alta, luzes coloridas e... outras coisas moralmente proibidas", configurando perversão e trazendo uma nova "carga negativa".
A justiça determinou que o ex-vigilante repassasse metade de sua fortuna à ex-esposa. Após o desfecho judicial, as terras foram adquiridas por uma usina de cana-de-açúcar, e o casarão ficou vazio. Dizem que José Roberto gastou boa parte do dinheiro que lhe restou e, hoje, "não tem mais nada".