Estratégias para Sair das Dívidas: Uma Análise de Abordagens Financeiras e Psicológicas
A jornada para sair das dívidas, mesmo ganhando pouco, exige não apenas disciplina financeira, mas também uma compreensão das abordagens psicológicas e táticas que podem ser empregadas. O conteúdo em questão apresenta seis estratégias de pagamento de dívidas, utilizadas por pessoas de diversas faixas de renda e baseadas em experiências práticas, com o objetivo final de auxiliar o endividado a reverter sua situação.
O Ponto de Partida: A Organização Financeira
Antes de aplicar qualquer tática de pagamento, o pré-requisito fundamental é ter um orçamento fechado. Isso significa uma organização financeira detalhada, com limites bem definidos para cada gasto. Essa organização inicial é crucial, mesmo que a situação atual pareça caótica, para garantir que o processo de quitação das dívidas seja viável.
As Estratégias Focadas na Psicologia vs. na Eficiência Financeira
As abordagens para pagamento de dívidas podem ser divididas em dois grupos principais: aquelas focadas na motivação psicológica e aquelas estritamente focadas na matemática financeira.
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Estratégia da Bola de Neve (Foco Psicológico): Esta técnica sugere começar com a menor dívida e progredir para a maior, ignorando a taxa de juros e o volume das parcelas, e focando apenas no valor final da dívida. A maior vantagem reside no aspecto psicológico: o indivíduo obtém muitas vitórias em um curto período, livrando-se de um grande volume de débitos, o que proporciona uma sensação muito positiva. É ideal para quem se sente envergonhado por dever a pessoas próximas (vizinhos, prestadores de serviço) e prioriza a quitação dessas dívidas menores, que geralmente não geram juros altos. No entanto, financeiramente, pode ser um "tiro no pé", pois, ao negligenciar os juros maiores, você pode acabar pagando mais caro nas dívidas com credores mais agressivos, como os bancos.
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Estratégia da Avalanche (Foco Financeiro): Em contraste, a estratégia da Avalanche foca em começar com as dívidas com juros maiores e terminar com aquelas de juros menores. O objetivo principal é diminuir drasticamente o montante da dívida e evitar a geração de mais juros compostos (juros sobre juros). No Brasil, dívidas de cartão de crédito e cheque especial são notórias por terem as maiores taxas de juros. Essa técnica é ideal para quem deseja diminuir o estrago causado pelos juros.
A Simplificação e a Negociação
Outras estratégias envolvem a reestruturação da dívida para reduzir a taxa de juros ou aproveitar oportunidades de mercado.
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Unificação de Dívidas: Considerada uma das favoritas, esta estratégia consiste em contrair um empréstimo com juros menores do que os juros das dívidas atuais, utilizando o novo valor para quitar as antigas. O processo prático exige primeiro checar o valor mínimo negociável (à vista) de cada dívida. Em seguida, lista-se o total e simula-se um novo empréstimo, certificando-se de que os juros da nova dívida sejam compensatoriamente menores. A unificação é excelente para pessoas desorganizadas, pois resume a bagunça em um único boleto mensal, aliviando o estresse psicológico. Importante: ao unificar, você adquire uma nova dívida, e o prazo prescricional (o tempo que o credor tem para acionar a justiça) começa do zero.
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Estratégia do Negociante: Esta abordagem foca em aproveitar eventos e condições para negociar a dívida com desconto. O Serasa Limpa Nome é o evento mais famoso, onde o valor das dívidas costuma cair bastante, com a retirada de juros. Outras oportunidades incluem iniciativas governamentais como o Desenrola Brasil ou mutirões (como o renegocia ou campanhas específicas da Caixa Econômica). A queda da taxa SELIC também é um momento oportuno para solicitar a diminuição das taxas bancárias. É ideal para quem tem algum dinheiro guardado (como 13º salário ou herança) e quer quitar dívidas mais altas, reduzindo significativamente os juros. Uma observação crucial é verificar o prazo prescricional da dívida; se estiver muito perto de prescrever, pagar, mesmo com desconto, pode não compensar.
Gerenciamento do Orçamento e a Medida Extrema
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Espaço no Orçamento: Esta estratégia lida com o volume da parcela, focando em parcelar a dívida maior em mais vezes para abrir espaço no orçamento, juntamente com a diminuição dos gastos. O dinheiro que sobrar é usado para negociar ou quitar as dívidas menores. Uma vez que as dívidas menores acabam, o dinheiro que era usado para elas é direcionado para renegociar a dívida principal. Seu sucesso está estritamente ligado ao comprometimento em diminuir os gastos gerais.
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Deixar de Pagar e Negociar Depois (A Estratégia de Alto Risco): Esta é a abordagem mais famosa, mas a menos recomendada, reservada para casos extremos. Consiste em parar de pagar a dívida, juntar 10% do valor total ao longo de 12 meses, e então ligar para o banco para negociar o valor à vista. Nunca se deve fazer uma dívida planejando usar este método. As desvantagens superam em muito a única vantagem (quitar a dívida em um ano). Os riscos incluem: juros exorbitantes (a dívida aumenta muito), o banco pode não aceitar a proposta, e, mais grave, o credor pode cobrar judicialmente, o que pode levar à penhora de bens. Além disso, a pessoa fica com o nome sujo e enfrenta severas consequências psicológicas.
Conclusão
Sair das dívidas exige uma escolha consciente da estratégia, baseada tanto na situação financeira quanto na capacidade psicológica individual. O conselho é esgotar primeiro as estratégias de menor risco. Dada a experiência com o endividamento e o impacto psicológico que ele gera, a sinceridade e a cautela na escolha do método são essenciais para evitar consequências graves, como a perda de bens.