A Reação Americana: Uma Reflexão sobre Cultura, Integração e os Limites da Diversidade no Ocidente
O cenário cultural e social nos Estados Unidos (EUA) está passando por uma grande mudança. Como maior exportador de cultura do mundo, o que acontece nos EUA inevitavelmente se manifesta no resto do mundo ocidental, e até mesmo no mundo não ocidental. No entanto, esta mudança atual é marcada por uma crescente reação (ou backlash) a fenômenos de deterioração cultural que já são evidentes na Europa.
Os Precedentes Europeus e a Lição Ignorada
Por muito tempo, a Europa, especialmente a Grã-Bretanha, tem servido como um estudo de caso sobre o que ocorre ao se tentar integrar culturas "antitéticas" à cultura nativa, citando o Islã como exemplo. Por exemplo, na Suécia, mulheres e meninas têm suas vidas limitadas em certos subúrbios devido a padrões que se assemelham ao apartheid de gênero. Além disso, ônibus escolares em bairros como Tensta e Rinkeby direcionam meninas para a porta de trás e meninos para a porta da frente, um ato que foi comparado aos ônibus do Alabama nos anos 50, onde negros tinham que se sentar atrás.
Historicamente, após a Segunda Guerra Mundial, o Ocidente procurou evitar o etnonacionalismo e o racismo (como visto em Hitler). As políticas de imigração europeias foram moldadas em parte pelo desejo de se desculpar pela colonização, permitindo que muçulmanos indianos, paquistaneses e bengaleses fossem para a Grã-Bretanha, e argelinos para a França, tratando-os como iguais.
No entanto, a virada do século e a ascensão da tecnologia, especialmente das redes sociais, permitiram que as ideias circulassem mais rapidamente, desafiando as normas ocidentais tradicionais e dando origem a fenômenos como o walkismo. A ideia do multiculturalismo—originalmente defendida com a crença de que "todos os seres humanos são iguais"—não considerou a profundidade das diferenças culturais. Embora os seres humanos possam ser biologicamente iguais, culturalmente não o são. As pessoas tendem a agir de acordo com suas próprias culturas, seja em casamentos forçados, casamento entre primos ou mutilação genital feminina. O tecido social do Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Áustria está "danificado", sendo a Suécia aparentemente a pior.
A Luta pela Assimilação Cultural nos EUA
Ao contrário da Europa, que recebeu muitos imigrantes muçulmanos, os EUA mantiveram-se mais firmes, aceitando apenas pessoas que serviriam ao país e se integrariam à sociedade americana durante o século XX. Contudo, os americanos estão agora começando a perceber os mesmos padrões de deterioração cultural.
O ponto focal dessa reação tem sido a cidade de Dearborn, Michigan, onde a tensão cultural se manifesta de forma explícita. O prefeito de Dearborn, por exemplo, demonstrou a audácia de dizer a uma pessoa culturalmente americana que ela "não era bem-vinda" em uma cidade americana. Este diálogo viralizou, atraindo mais de 92 milhões de visualizações e sendo exibido na televisão nacional. O prefeito chegou a dizer que lançaria um desfile no dia em que essa pessoa saísse da cidade, chamando-a de "islamofóbica".
Um aspecto central do debate é a rejeição explícita da assimilação por parte de algumas comunidades muçulmanas. O prefeito de Dearborn rejeitou o conceito de "caldeirão cultural" (melting pot), preferindo a analogia da "salada", onde "as alfaces são alface, os tomates são tomate, os pepinos são pepino e todos se complementam". Basicamente, ele defende a manutenção dos seus valores culturais e religiosos sem se assimilar.
Os críticos, por outro lado, argumentam que países e sociedades são entidades complexas que precisam de valores compartilhados para sobreviver. Se variáveis culturais saírem do controle, isso pode levar a agitação social ou guerras civis.
Outros incidentes em Dearborn incluem o uso de alto-falantes externos pelas mesquitas para o chamado à oração (Adhan), acordando moradores às 5:30 da manhã. A lei de ruídos de Dearborn proíbe alto-falantes entre 22h e 7h, o que significa que esta prática viola a legislação municipal.
A Reação Civil e a Natureza do Conflito
Em resposta a essas imposições culturais percebidas, uma reação civil está se formando nos EUA. Essa reação inclui:
- Confrontos Verbais e Físicos: Pessoas como Jake Lang estão aparecendo em Dearborn, Michigan, resultando em brigas e protestos onde muçulmanos cercam manifestantes gritando "Allahu Akbar".
- Proselitismo Agressivo: Há vídeos de cristãos canadenses, como um no Texas, indo até muçulmanos para pregar o cristianismo de maneira agressiva, zombando de sua religião e de Maomé. Embora o locutor do vídeo condene tais comportamentos como "repulsivos" e "condenáveis," ele os entende como uma reação à frustração, especialmente após o vídeo do prefeito de Dearborn.
A questão fundamental, segundo a análise do vídeo, não é racial, mas sim cultural e comportamental. Trata-se do desejo de impor os próprios valores às pessoas ao redor.
O locutor expressa esperança na América, chamando-a de "o músculo do Ocidente" e o único país do mundo onde a liberdade de expressão e os cristãos são protegidos pela Constituição. A América é vista como uma civilização superior em termos de sucesso militar, econômico e empreendedorismo, que reflete seus valores. A percepção é que os americanos, ao contrário dos britânicos, "vão agir agora para resolver a situação" e não esperarão até que a população muçulmana cresça para 4% ou 6%.
Para que a vida no Ocidente se torne menos conflituosa, os muçulmanos precisariam recalibrar sua posição na sociedade e distanciar-se dos antagonistas, afirmando que "essas pessoas não nos representam". O modelo de sucesso observado na Europa (sem armas) não funcionará nos EUA.
O risco de conflitos é elevado se a atitude de imposição persistir, com ameaças como: "não toleraremos desrespeito ao nosso profeta... suas ações terão consequências". O futuro, na América, promete tempos interessantes, com a possibilidade de uma grande mudança cultural na forma como os muçulmanos se comportam.
A situação na América pode ser vista como um campo de provas cultural: Se as sociedades ocidentais são um carro, a Europa pode ter ignorado os ruídos de alerta cultural por tempo demais, resultando em danos ao tecido social. Os EUA, sendo o motor mais robusto do Ocidente, estão apenas começando a ouvir esses ruídos e a reação sugere que eles podem tentar consertar o motor (ou mudar o pneu) antes que o carro quebre completamente.
