Dinossauros, Figueira e o Podar de Deus na Bíblia

 


Artigo para Reflexão: A Profundidade do Cristianismo, a Palavra e o Mundo Natural

O conteúdo apresentado no vídeo, uma conversa com o Pastor Tassos Lycurgo, mergulha em questões cruciais da fé cristã, desde a natureza da salvação e o processo de transformação pessoal até a compatibilidade da Bíblia com conceitos científicos e a presença de criaturas pré-históricas. As reflexões centrais orbitam em torno da aplicação da Palavra de Deus (a Bíblia) como ferramenta de aprimoramento espiritual e modelo interpretativo.

A Poda Espiritual e a Consequência da Salvação

A discussão inicia com a metáfora bíblica da videira e do agricultor (Deus Pai). Essa passagem, juntamente com a história da figueira amaldiçoada, serve de ponto de partida para abordar o papel das obras na vida do cristão.

O cristianismo, conforme explorado, enfrenta o desafio do "falso cristão" – aqueles que se assemelham a figueiras vistosas, mas não dão fruto. A Bíblia parece apresentar uma tensão: o livro de Romanos mostra que as obras não salvam ninguém, citando o exemplo do ladrão na cruz, mas o livro de Tiago afirma que a fé sem obras é morta.

A conciliação reside no entendimento de que a salvação é recebida pela entrega da vida a Jesus Cristo. Uma vez salvo, o indivíduo se torna uma nova criatura. As obras, como a caridade, não são a causa da salvação, mas sim a consequência do espírito recriado. A nova natureza é "perceptível exteriorizável pelo nosso comportamento no mundo".

Neste contexto, a "poda" (ou o "cortar" o que não dá fruto) é entendida como o processo de direcionamento e melhoria do crescimento do cristão. A Palavra de Deus atua como um prumo, que, embora não conserte a parede (o ser humano), denuncia o defeito. A pregação verdadeira é confrontacional, mas deve ocorrer num contexto relacional e em amor.

Os mandamentos bíblicos não são a causa da salvação, mas sim um modelo de quem Deus é. Eles confrontam o indivíduo, levando a uma gradual semelhança com Cristo. Jesus aprofundou essa confrontação, elevando o mandamento do ato físico (como o adultério) para o plano do pensamento e do coração, algo que é único no cristianismo em comparação com o judaísmo. A essência dessa poda é a transformação: "Vigie seus pensamentos, eles tornam-se palavras; vigie suas palavras, elas tornam-se ações; vigie suas ações, elas tornam-se hábitos; vigie seus hábitos, elas formam seu caráter; vigie seu caráter, porque ele se torna seu destino".

A Bíblia e a Idade do Universo

Outro ponto de reflexão trata da compatibilidade da narrativa bíblica com as descobertas científicas, especialmente no que tange à idade do universo. Há um debate entre aqueles que defendem que o universo tem 6.000 anos e aqueles que aceitam a idade cientificamente estimada.

É revelado que tanto a ideia de um universo jovem (6.000 anos) quanto a ideia de um universo antigo (por exemplo, 14.7 bilhões de anos) são compatíveis com a interpretação literal da Bíblia. A chave para essa compatibilidade está na tradução do termo hebraico para "dia" em Gênesis, que é Yom (iom). Este termo possui quatro significados possíveis, entre os quais se inclui "um longo período de tempo".

Embora a ciência diga claramente que o universo não tem 6.000 anos, obrigando os defensores dessa visão a abandonar descobertas científicas, a interpretação de Yom como um "longo período de tempo" permite que a Bíblia seja lida literalmente, acomodando uma idade de 14.7 bilhões de anos para o universo.

Dinossauros em Jó: O Behemoth

A conversa aborda a pergunta de onde os dinossauros se encaixam na narrativa bíblica. Primeiramente, é ressaltado que o termo "dinossauro" não poderia existir na Bíblia, pois foi criado muito tempo depois, no século XVI, por Richard Owens.

Contudo, a descrição de um animal de proporções gigantescas é encontrada no livro de Jó, capítulo 40, verso 15: o Behemoth. A palavra "Behemoth" é uma transliteração do hebraico, utilizada pelo tradutor que não soube identificar qual animal deveria ser colocado no texto. Algumas versões traduzem Behemoth como hipopótamo.

Entretanto, as características do animal descritas em Jó 40 tornam a identificação com o hipopótamo insustentável.

O texto descreve que o Behemoth:

  1. Come erva como boi.
  2. Possui força nos lombos e poder nos músculos do ventre.
  3. Endurece a sua cauda como cedro. Esta é uma das características que refuta a ideia de ser um hipopótamo, cujo rabo é descrito como uma "coisa horrível" e pequeno.
  4. Seus ossos parecem como tubos de bronze e suas pernas são como barras de ferro.

Com base nessas características, o Behemoth é descrito como um animal que muito provavelmente seria um Brachiosaurus ou um dinossauro herbívoro. Assim, conclui-se que os dinossauros existiram, temos fósseis que o comprovam, e eles estão previstos na Bíblia.

A reflexão final aponta que, embora nem tudo que é verdade esteja necessariamente escrito na Bíblia (como o fato de que nós existimos), tudo que está na Bíblia é verdade. Há assuntos sobre os quais a Bíblia não discorre amplamente. Um exemplo disso é a questão do racismo, considerada de "nenhuma importância" para a Bíblia, pois no cristianismo todos são um em Cristo Jesus, independentemente de serem "homem nem mulher, judeu nem gentio, escravo nem livre".