Artigo de Reflexão: COP-30 em Belém – A Contradição de um Evento Bilionário e a Crise de Infraestrutura
O evento que serviu de palco para as discussões sobre o clima em Belém – referenciado nas críticas como COP-30 – se desenhou não como um marco da sustentabilidade, mas sim como um grande evento autopromocional e de uma elite globalista, marcado por contradições logísticas, custos exorbitantes e uma profunda falta de preparo estrutural.
Desde o início, o evento foi descrito como absolutamente indefensável e que jamais deveria ter ocorrido.
Falhas Estruturais e Desvio de Foco
Uma das críticas mais contundentes reside na escolha do local e na gestão da infraestrutura. Belém foi considerada uma cidade que jamais deveria ter sido cogitada para sediar um evento dessa magnitude, sobretudo um focado em clima e meio ambiente, visto que a cidade não possui tratamento de esgoto.
A falta de planejamento foi evidenciada por uma série de incidentes:
- Logística e Serviços Básicos: No primeiro dia, já faltava água nos banheiros destinados a jornalistas. Jornalistas estrangeiros foram assaltados nas ruas.
- Danos pela Chuva: A chuva, um fenômeno absolutamente esperado em Belém, causou o colapso do teto de uma das salas e a queima de diversos equipamentos no palco de um show, pois não houve cobertura.
- Condições Oficiais: As condições de hospitalidade e cuidado foram criticadas. A própria ONU encaminhou uma carta ao governo brasileiro, afirmando que as condições estavam distantes daquilo que o Brasil havia se comprometido.
O custo total do evento, incluindo obras de infraestrutura, ultrapassou BRL 4 bilhões (4 B). O edital inicial do evento (OEI) já somava quase 500 milhões de reais. O absurdo, segundo os comentaristas, é ter obra de infraestrutura para promover o evento, mas não para promover o bem-estar e a saúde da população, visto que saneamento é saúde. Este uso de dinheiro público em grandes eventos, em detrimento do saneamento básico para o brasileiro, é classificado como a marca da atual política.
Alega-se que o desvio de dinheiro público, especialmente em eventos dessa natureza, serve para o financiamento de campanhas eleitorais e "Caixa Dois".
A Hipocrisia da "COP Movida a Diesel"
O evento foi ironicamente apelidado de "COP movida a diesel", resumindo a contradição da pauta ambiental em questão. Estruturas foram feitas de plástico e lonas, e durante um incêndio ocorrido no local, mais de duas dezenas de pessoas precisaram de atendimento hospitalar devido à inalação de fumaça, provavelmente tóxica, resultante da queima de plástico.
O Ministro do Turismo, inclusive, não soube informar se o carpete era antichamas ou não, o que demonstra uma "verdadeira bagunça" na promoção do evento.
As contradições se estenderam ao debate sobre combustíveis fósseis. O Presidente Lula discursou sobre o tema, mas ao mesmo tempo autoriza a exploração de petróleo no Brasil. Há um impasse na declaração final da COP, visto que a inclusão de uma restrição aos combustíveis fósseis parece inviável. Mais de 30 países consideraram o projeto de acordo da presidência brasileira insuficiente, exigindo um roteiro para o abandono desses combustíveis.
Os especialistas defendem enfaticamente a exploração da riqueza nacional (como a margem equatorial) com segurança, argumentando que a não exploração é abrir mão da riqueza do próprio país. Eles citam o crescimento da Guiana (10% ao ano) através da exploração, e afirmam que o petróleo é a energia mais barata e insubstituível na atualidade.
Crise Diplomática e Reações Políticas
As falhas logísticas culminaram em uma crise diplomática. O chanceler alemão Frederique Mers, em um desabafo, expressou que estava "todo mundo feliz de voltar para Berlim" e que ninguém sentiria falta de Belém.
A reação do governo brasileiro e da esquerda foi aproveitar o momento para uma defesa "patriótica" de Belém e do Pará. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, chegou a chamar Mers de "filhote de Hitler", apesar de um dos avós de Mers ter sido morto em um campo de concentração. Paes posteriormente se arrependeu e apagou a postagem.
Essa situação, principalmente a postura de Paes, foi vista como o retrato de como o governo brasileiro encara problemas: não resolvendo-os, mas sim adotando uma postura de vítima frente às críticas. As críticas eram, no entanto, óbvias e corretas, corroboradas pela carta da ONU.
Um dos momentos mais irônicos do evento foi quando a ONU e Vanuatu tiveram que assinar um acordo em uma padaria de bairro de Belém devido aos problemas estruturais. Os comentaristas sugeriram que, dada a falta de planejamento e o gasto de 4 B, o evento deveria ter sido realizado em padarias desde o início, desenvolvendo o comércio local e poupando bilhões.
A Pauta Verde e a Ocupação pela Direita
O debate sobre a COP levantou a importância de a direita brasileira ocupar a pauta ambiental, que, segundo os comentaristas, foi apropriada por movimentos sociais esquerdistas no Brasil. O objetivo seria abordar a pauta de forma racional e sustentável, com foco econômico.
A proposta é que a direita demonstre que o agronegócio não é inimigo do meio ambiente e que é possível explorar os recursos naturais sem degradá-los, defendendo o conceito de que "mais vale uma árvore em pé do que uma árvore deitada".
Além disso, os comentaristas expressaram forte ceticismo em relação à teoria de que a mudança de temperatura planetária seja majoritariamente causada por ação humana, argumentando que as grandes eras de mudança climática são resultado de interferência solar. O impacto humano seria restrito ao micro ecossistema local, e não ao aquecimento global como um todo.
A escolha de Belém, em detrimento de cidades com infraestrutura como São Paulo (que tem estrutura hoteleira, de eventos e transporte), ou outros estados com governadores de oposição (como Rio de Janeiro, Minas Gerais ou Santa Catarina), reforça a visão de que o evento foi motivado por escolhas políticas e não pelo "bem do povo" ou pela pauta climática em si. A cidade perdeu uma chance de desenvolver sua infraestrutura hoteleira e gerar empregos duradouros, com o dinheiro sendo gasto em cruzeiros marítimos e infraestrutura de grande porte que não beneficiou a população local.